O
tabagismo
é fator de risco para seis das oito principais causas de morte no mundo. Além disso, é considerado a segunda causa de morte evitável em todo o mundo pela Organização Mundial da Saúde (OMS – World Health Organization – WHO). A OMS estima que um terço da população mundial adulta, isto é, um bilhão e 200 milhões de pessoas (dentre as quais 200 milhões de mulheres), sejam fumantes. Pesquisas comprovam que aproximadamente 47% de toda a população masculina e 12% da população feminina no mundo fumam. Enquanto nos países em desenvolvimento os fumantes constituem 48% da população masculina e 7% da população feminina, nos países desenvolvidos a participação das mulheres mais do que triplica: 42% dos homens e 24% das mulheres têm o hábito de fumar. A OMS estima que seis milhões de pessoas morram todo ano devido a problemas relacionados ao tabagismo. Estima-se ainda, que o tabagismo será correlacionado a 10 milhões de mortes em 2030. No Brasil, a estimativa é de que existam 200 mil mortes por ano devido ao tabagismo. A previsão para meados deste século é que a pandemia tabágica, conduzida pela dependência da nicotina, será a maior causa de morte, vitimando mais do que tuberculose, AIDS, acidentes de tráfego, homicídios, suicídios, drogas ilegais e alcoolismo, somados. Informações como essa, têm atraído a atenção dos pesquisadores para o estudo das consequências do consumo de cigarros em eventos biológicos.
A nicotina é o componente da fumaça de cigarro responsável pela dependência química, física e psicológica
causadas pelo cigarro. Algumas investigações têm relatado alguns efeitos deletérios da nicotina sobre o tecido ósseo. No entanto, a nicotina é apenas uma das 4700 substâncias tóxicas presentes na fumaça do cigarro e alguns estudos têm demonstrado que os outros componentes do tabaco também podem ter influência sobre o tecido ósseo. A acroleína e o acetaldeído, substâncias presentes no cigarro, promoveram uma diminuição da proliferação e adesão de fibroblastos, células importantes para o processo de cicatrização. Na odontologia, uma série de estudos recentes avaliou o efeito da inalação da fumaça de cigarro (IFC) no tecido ósseo ao redor de implantes. A inalação intermitente de fumaça de cigarro pode prejudicar a qualidade óssea ao redor de implantes de titânio inseridos em animais. As pesquisas científicas realizadas com pacientes fumantes que se submeteram ao tratamento com implantes mostram que nesses pacientes existem maior número de complicações pós-operatórias,
maior número de falhas de implantes
e maior frequência de peri-implantite
(doença infecciosa que gera perda óssea ao redor do implante, podendo causar perda do implante).
O tabagismo
é um fator de risco reconhecido para a periodontite. Pacientes fumantes apresentam cinco vezes mais perda óssea do que pacientes não fumantes.
Além disso, os fumantes apresentam menor capacidade de cicatrização
diante dos tratamentos realizados, pois a defesa do organismo fica prejudicada com o uso do cigarro. O efeito deletério do cigarro sobre o periodonto é dose e tempo dependente. Ou seja, quanto mais cigarros e mais tempo a pessoa fumar, pior será o efeito sobre os tecidos periodontais.
Pode-se dizer que tabagistas tem maior risco de perda dental,
já que ela está intimamente relacionada com a gravidade da periodontite. Portanto, se pacientes fumantes apresentam maior prevalência e severidade de periodontite, eles poderão apresentar também maior perda dentária.
Outra doença bucal relacionada com o cigarro é o câncer de boca.
De acordo com a literatura científica, mais de 90% dos casos de câncer bucal estão associados ao tabagismo. Isso acontece devido a presença de várias substâncias carcinogênicas presentes no cigarro e na fumaça emitida ao queimá-lo. Essas substâncias podem causar ao longo do tempo alterações celulares, que podem resultar no aparecimento do câncer bucal. Além disso, o calor gerado pelo cigarro também pode provocar alterações celulares.
A redução do fluxo salivar
também é uma consequência do tabagismo. Com isso, o risco de desenvolvimento de doenças como periodontite, ardência bucal, aftas e cárie
também aumenta, pois, a saliva contém diversas substâncias importantes na defesa do meio bucal. Além disso, o fluxo salivar reduzido contribui para o aumento da halitose. A halitose está intimamente relacionada com o tabagismo. As substâncias inaladas pelo fumo causam halitose e a redução do fluxo salivar potencializa o odor. Se a deficiência de saliva for acentuada, podem ocorrer alterações graves na mucosa oral, causando muito desconforto. A mucosa apresenta-se atrofiada e seca e pode estar pálida e inflamada. A língua pode mostrar atrofia (redução de tamanho) das papilas gustativas, edema e fissuras que levam à uma sensação desconfortável chamada de síndrome de ardência bucal.
Frequentemente os dentes de fumantes são impregnados por pigmentos liberados pela combustão do cigarro, principalmente a nicotina e o alcatrão. Dessa forma, os dentes de tabagistas costumam ser amarelados.
Essas manchas ficam muito impregnadas na superfície dos dentes e não saem com a escovação, sendo necessário procurar o Dentista para realizar sua remoção. Além disso, restaurações estéticas com resina composta também sofrem essa pigmentação pelo alcatrão e nicotina. Diferente dos dentes, as resinas não podem ser limpas com a limpeza profissional e sua troca pode ser necessária com mais frequência.
É importante que todas as pessoas que optam por fumar saibam o quanto esse hábito é deletério. Além disso, tabagistas devem visitar o seu dentista com maior frequência para que seja realizada uma terapia preventiva. É de extrema importância que todos procurem parar de fumar, pois a cessação do fumo será positiva para a saúde geral e bucal. No caso de dificuldade, o indivíduo deve procurar o médico para que sejam realizadas abordagens de tratamento para facilitar a cessação do fumo. Seja sábio! Pare de fumar!!!!